segunda-feira, 16 de março de 2009

E o planeta sobrevive (13/03)



Sou uma só, mas ainda assim sou uma. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor

Não sou perfeita. Longe disso. Aliás, muito longe. Mas, sempre que posso, faço a minha parte. Adoro praia. Adoro caminhar, sentindo as ondas do mar a bater nas pernas. Vou até onde posso, até onde consigo, sentindo o prazer dos pés na areia. Na volta, abro o saco plástico que levo enrolado nas mãos e, sem mais nem menos, me ponho a catar os lixos jogados pelos outros na praia. Não consigo recolher todos, queria conseguir. Muitas vezes olho para trás, por onde passei há apenas alguns segundos e encontro novo dejeto. Então, me atento aos mais coloridos. Os que mais chamariam atenção das espécies indefesas que facilmente os confundiria com algum suculento pedaço de alguma coisa. Não sei se eles tem discernimento de cores - mas eu tenho - então eu recolho.

Outro dia recebi um email que pedia aos motoristas das grandes cidades que não jogassem seus chicletes avidamente mastigados para fora das janelas. O motivo, óbvio para alguns, é que os pássaros ao verem as cores atraentes e o cheiro adocicado não pensavam duas vezes. Bicava-os. Muitos morriam com a goma entalada na gargante. Outros tantos, com os bicos presos ou enrolados pela borracha que ainda por cima, amolecia no asfalto. Outros, um pouco mais sortudos, conseguiam carregar até a ninhada onde, então, sem querer, matava seus filhotes com o tão somente intuito de alimentá-los e, que ironia, não matá-los de fome.

Em uma dessas caminhadas me deparei com uma cena estranha. Um peixe que fumava. Estava ele na beira da água, já quase sem vida, com uma bituca de um cigarro na boca. Um cigarro que, algum infeliz inconsciente da sua burrice e estupidez humana, deve ter jogado próximo a água, senão dentro dela, e o pequeno animal feliz pelo novo cardápio, o abocanhou. Perdeu o fôlego, quase morreu. Ou melhor, quase morreu na beira da água, porque, quem há de me garantir que depois que lhe tirei a bituca e o joguei de volta ao mar, tivesse se recuperado de todo para continuar a nadar? Esse é meu desejo. Mas os danos que foram causados eu não saberia dizer.

O que mais me dói ainda não é exatamente olhar os adultos e ver neles esse comportamento egoísta e estúpido. É ver as crianças, crias destes, repetirem seus atos, porque não lhes foi ensinado outra coisa. E, se não aprenderem, como vão ensinar aos seus. E aos seus dos seus? À nós pais, nos foi dada a tarefa de educá-los. Não somente com estudos. Mas com exemplos. O que muitos não entendem é que, se não fizermos nosso papel de orientadores, o que restará para nós? O que acontecerá com o mundo?

O mundo onde se jogam lixos e entulhos nos rios, bitucas de cigarro e papeis de bala no chão, onde se deixam restos e lixos na natureza não há de ser um mundo saudável para se viver. Um mundo onde não haverá água potável própria para consumo não é sequer suportável. Um mundo onde não existam mais árvores para nos acolher na sombra não é ao menos imaginável.

E não estou fantasiando. O aquecimento global já existe. A escassez de água potável também. Embora, a maioria, nem se preocupe em saber.

O que vai acontecer ao planeta? Por mais incrível que pareça, é fácil dizer. O planeta continuará a existir. Assim como resistiu ao congelamento, novamente resistirá ao que a humanidade está a lhe proporcionar.

Porque o planeta, resiste a tudo. Ele sobreviverá à humanidade, como sobreviveu aos dinossauros, aos anfíbios, aos insetos, aos pluricelulares, aos unicelulares.

A humanidade, não verá a transformação do planeta. É o planeta que assistirá ao surgimento de uma nova espécie dominante. Porque esta espécie que aqui está, precisa deste ecossistema para sobreviver. A próxima, não precisará. Ao novo se adaptará.

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