terça-feira, 17 de março de 2009

Para minha amiga



Às vezes escrevo de menos e sumo por uns tempos. Às vezes escrevo demais. E me encho de palavras. Palavras amigas e palavras inimigas. Encho-me. E quando estou cheia, me esvazio.

Dessa vez, segui o conselho da Gleide. Não me calei, como disse que faria. Apenas me policiei. Lembrei da vez passada, quando, depois do texto abaixo, fiz um pacto comigo e com ela de que me calaria. Ela, não deixou: - Como eu disse ontem, como você escreve bem! E, sendo justa, não é só durante a TPM, mas você sempre escreve muito bem! Na TPM você é apenas um pouco mais intensa! Consegue transcrever em palavras um caminhão de emoções sem ser piegas. (Achei viu, Glê). Mas ela também me disse para eu me policiar. Como ela mesmo diz, eu tenho o potencial para destruir o mundo – e quem nele estiver – nesse período que as três letrinhas (como ela mesmo as define) assolam o universo feminino.

Sei que, nem bem acordei, sentia como se todos os livros do universo estivessem em mim – e para mim. Letras, palavras, frases saltavam do meu cérebro e chegavam às mãos. Lembram? Não falo, escrevo.
(Só que agora vocês nem devem lembrar, já que eu perdi algumas postagens.. snif.. )

Bom, o negócio é, fiquei muito ausente esse tempo todo, mas no final das contas o motivo era um só. Enquanto estava ausente daqui estava presente lá. E lá é um lugar onde só eu posso estar. Na caixa postal da Gleide. Quer dizer, não sou só eu, mas gosto de pensar que sim. Gosto de pensar que meu lugar na Caixa dela é como meu lugar em seu coração. Único e exclusivo.

Bom, mas estou sempre por lá. Tem dias que trocamos emails o dia inteiro. Tem dias que não. A gente se vê duas vezes por ano, nos falamos umas 20, mas nos lemos quase todos os dias.

E não tem roteiro certo. Às vezes, eu mando uma frase, ela me conta do seu dia, dos seus anseios. Às vezes é ela quem manda uma frase e aí sou eu que conto. Mas, na maioria das vezes, contamos as duas. Contamos tudo. E contamos nada. Ela começa falando dela e termina falando de mim. Eu, começo respondendo de mim, e termino respondendo dela. E seguimos assim o dia inteiro nessa conversa silenciosa, cheia de palavras sem sons.

Ela, com quem quase nunca falo, mas que todos os dias me lê. Divido-me tanto com ela que às vezes esqueço de dividir-me comigo também. Se não a conhecesse não lhe daria um nome. Chamaria-na de AMIGA OCULTA.

Mas como sei seu nome, como conheço seu rosto, chamo-a de AMIGA PERFEITA.

Perfeita porque é presente.
Perfeita porque é simples.
Perfeita porque me entende.
Perfeita porque, assim, como eu, é neurótica.
Perfeita porque é ansiosa.
Perfeita porque me faz rir.
Perfeita porque me enxuga as lágrimas.
Perfeita porque sonha comigo.
Perfeita porque me deixa sonhar.
Perfeita porque me acorda.
Perfeita porque é SUPERMEGABLASTER curiosa.
Mas, perfeita, acima de tudo, porque não é perfeita.
Ela é assim, minha amiga oculta, minha amiga perfeita, minha amiga distante, minha amiga presente, minha amiga que me entende, minha amiga legal, minha amiga neurótica, minha amiga amiga.

Ela me lê, me analisa, me comenta, todos os dias. E a isto retribuo da única maneira que sei. Lendo-a e comentando-a também.

P.S. Esse não faz parte do post original, mas queria que vocês soubessem que esse mês passei mais leve. E, graças à Glê. O tempo todo que meu mau gênio batia a minha porta, eu me lembrava dela, me dizendo para me policiar. Como podem ver, escrevi um monte. Mas nada tão sombrio quanto todas as outras vezes. Nada tão sombrio quanto o que está aí embaixo. Mais uma vez, minha amiga, você me ajudou muito.

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