No dia que você nasceu eu chorei. (Grande novidade vindo de mim). A primeira lembrança forte foi quando a enfermeira te trouxe e eu coloquei você nos meus braços. Naquele tempo, quando se tomava a anestesia raquia não se podia levantar. E como não podia levantar, também não podia falar. Foi orientação do médico. Mas eu nem me importei. Quando te deitaram ao meu lado eu não falei. Eu cantei. Cantei para você a música que cantei durante todo o tempo que você estava aqui dentro:
1º Festival Internacional da Criança em 1983 - Sonho de Gente Pequena
Adormecer como um anjo e correr entre as nuvens do céu
vou brincar de sonhar.
Não quero mais acordar.
Belo assim, como a flor de um jardim
Encantado demais, o meu sonho é de paz
Não quero mais acordar.
Sonho de gente grande é ruim
Não tem mais emoção.
Quero para sempre um mundo assim
Com muito mais amor no coração.
E eu achei que não tinha, no mundo inteiro, amor maior que o meu. Eu achei que jamais amaria alguém mais do que amava você naquele momento. Me enganei. Porque meu amor cresce a cada dia um pouco mais. Hoje meu amor é ainda maior. Meu amor cresce com você. Todo dia um pouquinho. Te amo mais do que amava ontem. E sei que mesmo te amando tanto, ainda assim é menos do que eu vou amá-lo amanhã.
Treze anos depois, às vezes, mesmo que nunca deixe de amar, me esqueço deste amor. Você era meu bebê e eu sentia que nunca iria brigar com você. Hoje, eu brigo. Brigo com motivo, e às vezes, sem motivo também.
“Mal posso esperar para que você cresça e eu o proíba de usar meu carro, ralhe por causa da bagunça no seu quarto, o obrigue a desligar o telefone, o castigue por esquecer de fazer o dever de casa, por tirar notas baixas”. Essas foram coisas que eu nunca pensei. Mas são coisas que eu faço tanto.
Não é por falta de amor. É, talvez, falta de saber demonstrá-lo.
Me lembro de amamenta-lo. Da sua mãozinha pequena no meu peito enquanto você se alimentava de mim. Dos seus bracinhos a pedir colo. Do seu sorriso quando eu cantava para você.
Me lembro do primeiro dia de escolinha. Eu te levei no colo, você ainda era pequeno, só tinha dois anos. E segurei a sua mão e prometi que voltaria no fim do dia para te buscar. E voltei.
Me lembro quando você cantou pela primeira uma música inteirinha de gente grande para mim. Eu estava tomando banho e você sentadinho no banheiro conversando comigo, como fazia todas as vezes.
Me lembro do primeiro passeio ao parque da Mônica. Você ria tanto. E depois, pegamos um ônibus, e você dormiu no meu colo. E eu, cansada, te carreguei nos braços até em casa. Você pesava tanto! Mas eu te amava tanto que nem senti o peso do seu corpinho.
Me lembro do Melocoton que te fazia companhia o tempo todo, aonde quer que a gente fosse.
Me lembro de quando eu trabalhava nos finais de semana. E levava você comigo. E quando o telefone não tocava, eu ficava brincando com você no chão do departamento de vendas.
Me lembro das lições de casa que te ajudei a fazer. Algumas brigando porque você não prestava atenção – me perdoe filho por isso.
Me lembro das muitas noites que você veio dormir na minha cama. Às vezes eu ficava tão espremida no meio de você e da sua irmã. Nem cabia nós três, mas nós três, de um jeito ou de outro, sempre cabemos nela.
Me lembro do seu primeiro beijo. E você chegou em casa, dizendo que tinha uma coisa para me falar depois. E o seu depois só durou uns minutos, porque você queria me contar logo.
Ser mãe de adolescente, não é como eu esperava. Às vezes é mais fácil, outras mais difícil. Às vezes eu erro, noutras acerto. Me perdoe pelos erros. Os erros que passaram e os que virão. Porque, mesmo não querendo, ainda vou errar outras vezes. (Espero que não muita).
Talvez tenha colocado expectativas demais em cima de você. Quero que você seja feliz, que você seja responsável, que você faça suas tarefas, que você ajude sua irmã, que você.. que você... que você... que você....
Mas, na verdade, eu só quero que você cresça e deixe sua marca no mundo. A melhor marca que você puder. A marca que você quiser. Você é do seu jeito, não do jeito que eu quero que seja. E, cabe a mim respeitá-lo. Isso, eu posso prometer fazer.
E, se eu puder te pedir alguma coisa, só deixa eu continuar te amando? Porque amar você e a sua irmã é tudo o que eu sei fazer.
1º Festival Internacional da Criança em 1983 - Sonho de Gente Pequena
Adormecer como um anjo e correr entre as nuvens do céu
vou brincar de sonhar.
Não quero mais acordar.
Belo assim, como a flor de um jardim
Encantado demais, o meu sonho é de paz
Não quero mais acordar.
Sonho de gente grande é ruim
Não tem mais emoção.
Quero para sempre um mundo assim
Com muito mais amor no coração.
E eu achei que não tinha, no mundo inteiro, amor maior que o meu. Eu achei que jamais amaria alguém mais do que amava você naquele momento. Me enganei. Porque meu amor cresce a cada dia um pouco mais. Hoje meu amor é ainda maior. Meu amor cresce com você. Todo dia um pouquinho. Te amo mais do que amava ontem. E sei que mesmo te amando tanto, ainda assim é menos do que eu vou amá-lo amanhã.
Treze anos depois, às vezes, mesmo que nunca deixe de amar, me esqueço deste amor. Você era meu bebê e eu sentia que nunca iria brigar com você. Hoje, eu brigo. Brigo com motivo, e às vezes, sem motivo também.
“Mal posso esperar para que você cresça e eu o proíba de usar meu carro, ralhe por causa da bagunça no seu quarto, o obrigue a desligar o telefone, o castigue por esquecer de fazer o dever de casa, por tirar notas baixas”. Essas foram coisas que eu nunca pensei. Mas são coisas que eu faço tanto.
Não é por falta de amor. É, talvez, falta de saber demonstrá-lo.
Me lembro de amamenta-lo. Da sua mãozinha pequena no meu peito enquanto você se alimentava de mim. Dos seus bracinhos a pedir colo. Do seu sorriso quando eu cantava para você.
Me lembro do primeiro dia de escolinha. Eu te levei no colo, você ainda era pequeno, só tinha dois anos. E segurei a sua mão e prometi que voltaria no fim do dia para te buscar. E voltei.
Me lembro quando você cantou pela primeira uma música inteirinha de gente grande para mim. Eu estava tomando banho e você sentadinho no banheiro conversando comigo, como fazia todas as vezes.
Me lembro do primeiro passeio ao parque da Mônica. Você ria tanto. E depois, pegamos um ônibus, e você dormiu no meu colo. E eu, cansada, te carreguei nos braços até em casa. Você pesava tanto! Mas eu te amava tanto que nem senti o peso do seu corpinho.
Me lembro do Melocoton que te fazia companhia o tempo todo, aonde quer que a gente fosse.
Me lembro de quando eu trabalhava nos finais de semana. E levava você comigo. E quando o telefone não tocava, eu ficava brincando com você no chão do departamento de vendas.
Me lembro das lições de casa que te ajudei a fazer. Algumas brigando porque você não prestava atenção – me perdoe filho por isso.
Me lembro das muitas noites que você veio dormir na minha cama. Às vezes eu ficava tão espremida no meio de você e da sua irmã. Nem cabia nós três, mas nós três, de um jeito ou de outro, sempre cabemos nela.
Me lembro do seu primeiro beijo. E você chegou em casa, dizendo que tinha uma coisa para me falar depois. E o seu depois só durou uns minutos, porque você queria me contar logo.
Ser mãe de adolescente, não é como eu esperava. Às vezes é mais fácil, outras mais difícil. Às vezes eu erro, noutras acerto. Me perdoe pelos erros. Os erros que passaram e os que virão. Porque, mesmo não querendo, ainda vou errar outras vezes. (Espero que não muita).
Talvez tenha colocado expectativas demais em cima de você. Quero que você seja feliz, que você seja responsável, que você faça suas tarefas, que você ajude sua irmã, que você.. que você... que você... que você....
Mas, na verdade, eu só quero que você cresça e deixe sua marca no mundo. A melhor marca que você puder. A marca que você quiser. Você é do seu jeito, não do jeito que eu quero que seja. E, cabe a mim respeitá-lo. Isso, eu posso prometer fazer.
E, se eu puder te pedir alguma coisa, só deixa eu continuar te amando? Porque amar você e a sua irmã é tudo o que eu sei fazer.
E tem algum amor mais lindo e mais puro do que de uma mãe?
ResponderExcluirMuito lindo esse texto. Seu filho deve ter um super orgulho da mãezona que ele tem.
Obrigado pelo comentário, você disse em poucas palavras tudo que eu acredito.
Bjos
Aff... li chorando... rs...
ResponderExcluirEu - AINDA - não sou, mãe, mas você sabe do meu desejo de sê-lo, que andou tão adormecido e que - Graças a Deus - voltou!
Quero poder ser assim como você e no futuro, declarar meu amor dessa maneira pelo meu filho ou filha. Bom, eu já faço isso, né?!
Cris... lindo... num dá usar qq palavra, pois não há como contextualizar o que vc escreveu!
Beijos!!!
Acredito que vc vai gostar de ouvir isso aqui. Se ficar com medo de abrir, procure no Google "festival internacional da criança" e boa sorte.
ResponderExcluirhttp://www.4shared.com/file/58738217/311fd07d/09_SONHO_DE_GENTE_PEQUENA.html
VC É A DANIELE QUE CANTOU ESTA MUSICA NO FESTIVAL ??
ResponderExcluirAMOO ESTA MUSICA.
Oi... nao sou eu nao. Eu tambem participei do Festival cantando Lula Lelé no Grupo As Dengosas...
ResponderExcluirMas eu amo esta musica. Canto desde aquela época, e sempre soube que seria a musica de ninar dos meus filhos