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TUM TUM (22/09)
Tum Tum
Tum tum....
Tum Tum...
Tum tum...
Mais do que sentir, posso ouvir as batidas do meu coração.
Deitado na cama, fecho meus olhos absorvendo os últimos raios de sol do dia que entram pela fresta da cortina. Por que não abrem a cortina toda? Por que não me deixam ver o sol por inteiro?
Minhas lembranças me levam para um momento, hoje tão longe de mim. Já faz tanto tempo... mas ainda consigo lembrar-me do seu rosto, da sua pele clara, dos seus olhos verdes. Mesmo depois de tantos anos ainda consigo sentir seu cheiro.
Eu entrei no quarto, cansado da viagem. Tudo o que eu queria, naquele momento, era um banho quente e revigorante, mas dois olhos verdes pousaram sobre mim. Ela não me disse uma única palavra. Continuou me olhando e se aproximando. Beijou meus lábios sedentos, passou a mão sobre meu corpo cansado, beijou minha testa.
Aos poucos desabotou minha camisa, sempre me olhando com aqueles olhos verdes que, neste momento, tinham um brilho especial. Era o brilho do amor. E me beijou. E seu beijo foi diferente, mas eu não sabia porque.
Abri minha boca para pronunciar seu nome, mas ela me calou. Tirou minhas calças e se colocou em cima de mim, com uma suavidade e voracidade que eu nem sabia existir. E fizemos amor...
Eu nem me lembrava mais do banho. Sentia o calor da tua pele sobre a minha, o balançar do teu corpo no meu e sua boca, ávida por meu beijo. E eu soube, naquele momento, o quanto ela me desejava, o quanto ela me amava...
Dormi em seus braços, e mesmo em meus sonhos, sabia que ela não dormia. Ela me olhava. Velava meu sono e sua respiração se juntava à minha. E enquanto eu dormia ela orava pedindo que aquele momento nunca terminasse, que se eternizasse.
Tum tum...
Tum tum...
Tum tum...
Mais do que sentir, posso ouvir as batidas do meu coração.
Lá fora, a lua pede licença à rainha noite e se aconchega no céu. A lua que um dia foi dela. A lua que eu dei para ela. Numa noite encantada, em uma cidade distante onde os namorados se encontram eu lhe dei um presente. Um presente que ninguém pode tirar, que ninguém pode roubar. A lua... a nossa lua... a lua que é dela.
Seu cheiro invade meu ser e sinto novamente o amor se instalando em mim. O amor que me fez criança, o amor que me fez sorrir, o amor que me fez cantar e inventar histórias bonitas, o amor que e fez viver, o amor que me fez sentir vivo por todos esses anos.
Tum tum...
Tum tum...
Tum tum...
Mais do que sentir, posso ouvir as batidas do meu coração.
Já não posso maus ouvir, mas eu ainda consigo sentir as batidas do seu coração, quando há muito tempo me disse: "E quando eu ficar bem velhinha, quando eu contar para os meus netos como foi a minha vida, contar quem eu mais amei, e quando eu deitar minha cabeça no travesseiro e chorar, ou quando chegar a hora do meu último suspiro eu vou fechar meus olhos e me lembrar que, pelo menos por uma noite, eu vivi a vida que sempre sonhei. "
Tum tum...
Tum tum...
Tum tum...
Onde andam seus olhos verdes? Os olhos verdes que eu deixei ir?
Onde anda seu cheiro? O cheiro que eu abandonei?
Já não posso caminhar. Se pudesse, caminharia até você e te pediria para voltar. Mas não sei onde você está. Te deixei ir embora por não acreditar em nós.
Naquela noite, há muitos anos te vi partir, seguro do que estava fazendo. Sabia que era o certo, sabia que era assim que tinha que ser. E não pensei mais nisso. Às vezes me lembrava dos seus olhos, do seu sorriso de criança, da sua segurança do amor que eu não sabia se era real. A vida tinha me ensinado que as coisas do amor estavam mortas há muito tempo. Talvez o amor fosse algo que nem existia... e foi assim que vivi.
De onde você está você consegue ver a lua? A lua que é sua? A lua que eu te dei?
Tum tum...
Tum tum..
Tum tum...
Já não consigo mais ouvir, mas ainda sinto as batidas do meu coração... O pedido dela se realizou. Aquele momento se eternizara.
Pois agora eu bem velhinho, com minha cabeça no travesseiro esperando a hora do meu último suspiro eu fecho meus olhos e me lembro que, por alguns momentos, eu vivi o amor que sempre sonhei.
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