quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os meus e os DELE



Sou sonhadora. A vida inteira fiz planos. Mas aprendi cedo demais que os Dele sao bem diferentes dos meus. 

Foram anos trabalhando muito, lutando sozinha para criar dois filhos - ja que sou divorciada - e poder dar para eles o melhor. Quando entrei no meu apartamento de 3 quartos pela primeira vez, meus olhos se encheram de lagrimas. Sim! Cada um dos meus filhos teria um quarto sò deles. E eu envelheceria naquele apartamento na Zona Leste de Sao Paulo. Dali veria meus filhos sairem para a faculdade, para o casamento e veria meus netos entrarem pela porta com suas perninhas gordas. Mas ELE tinha outros planos para mim. 

Depois de apenas 4 anos e uma reves financeira que me tiraria o chao, respirei fundo e vendi o meu bem - material - mais precioso. O dia mais triste foi o dia em que assinei os papeis da venda. Mas me resignei. Como digo, sempre entreguei minha vida a Deus. E ELE faz dela o que acha melhor. 

Me mudei de mala, cuia e filhos para uma cidade linda do interior de Minas Gerais - Extrema. Refiz meus planos naquela cidade onde a natureza me saudava todos os dias com o canto dos passaros e maritacas e com a visita de esquilos no meu quintal. Procurei terrenos e imoveis para comprar, mas o que eu gostava eram caros demais e os que cabiam no meu bolso eu nao gostava. Dei um tempo a esta busca e me concentrei em conseguir uma recolocaçao profissional. 

Entrei em processo de seleçao para secretaria do presidente de uma empresa na cidade e meu salario seria muito maior que o da maioria dos habitantes. Sim! Meus planos estavam começando a se concretizar. Porem, mais uma vez, os planos DELE eram muito diferentes dos meus. 

Tive que abandonar o projeto de retornar ao mercado de trabalho para me dedicar exclusivamente ao projeto de ser mae pela terceira vez. Uma gravidez inesperada mudou toda a minha vida novamente. Confesso que desta vez nao foi tao dificil assim reformular os planos, afinal, agora crescia dentro de mim mais um ser. Esse até que foi uma mudança de plano bem facil de aceitar. Mas ainda assim, nao eram os meus planos. 

Vamos là. Reformulando tudo de novo agora eu tinha o projeto de ser dona de casa - coisa que nunca tinha sido antes. Tive que aprender a lavar, passar, varrer, tirar po e teias de aranha, limpar lustres e vidraças. Mas era uma coisa temporaria porque quando nascesse meu bebe, retomaria a jornada dupla naquela cidade maravilhosa. Enganada mais uma vez. 

Os planos DELE outra vez eram bem diferentes disto. E a vida foi acontecendo de uma maneira tao simples, que era obvio que de novo ELE estava no comando. Todos os caminhos indicavam que a mudança para a Italia era escolha DELE e nao nossa. Até mesmo o meu filho mais velho - Guilherme - que sempre foi avesso as mudanças aceitava de forma calma e complacente a mudança para a Europa. E ele nao sò a aceitava como a desejava tambem. Todos os sinais, todos as placas apontavam para este caminho, entao, mais uma vez, eu me ajoelhei e segui os designos DELE. 

Claro que fiz planos!!!!! Fiz curso de manicure, pedicure, depilaçao, estiticista. Teria 4 a 5 clientes por dia e tudo estava certo. Sò que mais uma vez os planos DELE eram bem diferentes dos meus. Faz 9 meses que espero a minha documentaçao. Nao tenho 4 clientes por dia. Para ser sincera, as vezes nao tenho nem 4 clientes por semana. Nao consigo ajudar efetivamente no orçamento familiar e passo mais tempo em casa do que imaginei que um dia passaria. O trabalho que arrumei, embora seja so um bico e temporario, nao é, nem de longe, uma coisa que eu goste de fazer, mas sei que é assim que deve ser. As circunstancia ainda sao bem diferentes daquelas que eu imaginei ou planejei. Mas ainda assim, abaixo a minha cabeça e sei que alguma forma ELE està fazendo o melhor por mim. 

Sei que mais uma vez faço planos diferentes. Tenho um projeto em vista que vou colocar em pratica. Conto sempre para ELE os meus planos, peço opiniao, peço sua provaçao. Mas, sinceramente? Nao me importo mais se nao der certo. 


Afinal, alem de sonhadora sou gerreira. Porque alem de sonhar eu sei que tenho a coragem para correr atras do que tenho em mente sem desistir na primeira dificuldade que aparece (quem me lembrou disso foi o Jonathas, meu amigo de faculdade). 


E tambem porque aprendi, cedo demais, que os planos de DEUS sao bem diferentes dos meus. E que entre os meus e os DELE, os DELE sempre prevalecem. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Operaçao Casa Limpa



Acordei bem cedo hoje e nao voltei a dormir. 
Aproveitando que o pequeno ainda estava dormindo e os maiores tinham ido para a escola, peguei meus armamentos (escova, vassoura, mop, produtos de limpeza) e maos a obra, sem pausa para distraçoes. 

O resultado é que as 10h da manha a casa ja estava limpa e arrumada. E eu pude ir la acordar o Pequeno Principe que ainda dormia como uma pedra. 

Agora sò tenho que cuidar do almoço. 

Tem dias que acordo com o pique total. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Migrar ou nao migrar?



Eu, como sempre, seguindo as novidades tecnologicas como posso. Nao sou das mais conectadas com o mundo virtual, mas gosto das novidades. 

Comecei com o fotolog que era muiiito facil, sò que - por motivos alheios a minha vondade - tive que abandona-lo. Ai a Gleide me falou do blog. No começo eu achei a coisa mais dificil do mundo. Fui engatinhando nessa coisa de blogar. E quando dei por mim jà estava acessando outros blogs, mudando a cara da minha pagina e usando quase todas as ferramentas disponiveis. 



Sò que tem varios blogs migrando para o WorlPress.com Dizem que tem mais funcionalidades e é mais facil de usar. Entao pensei em migrar tambem. 

A primeira parte foi simples. Migrar o blog. Sò que minha barra lateral nao foi. Fiquei sem nada. Ai eu teria que colocar um por um, mano a mano, de tudo o que tenho por aqui. E sinceramente? Estou com preguiça de fazer isso. Entao, se alguem tem alguma dica de como migrar tudo, estou aberta a opinioes. Senao, vou ficando por aqui mesmo e fazendo a atualizaçao là aos poucos. 

E aos poucos mesmo, porque alem de estar fazendo alguns bicos - sim, eu disse que nao aguentaria sò ficar em casa por muito tempo - ainda estou estudando para tirar a patente. 

Enquanto isso vou postando aqui, mexendo e me familiarizando com là. Quem sabe eu nao me acerto e mudo de vez. Ou simplesmente desisto e continuo por aqui. 

Nesta vida, tudo pode acontecer. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O que acontece nos outros blogs

Como todo mundo sabe, tenho mais 4 blogs. 


Um para o Renzo www.fagapra.blogspot.com


Um para a Luana www.luafaga.blogspot.com


Um para o Gui www.guifaga.blogspot.com


E um Entre Meninas, que esta meio guardado na gaveta, mas que conversando com a Gle, estamos pensando em desarquiva-lo. 


Para que tantos? 
O do Renzo começou como um diario, assim como os diarios que eu ja tinha para o Gui e para a Lua. Sò que ficou um diario tao lindo que eu nao resisti e resolvi digitalizar os diarios dos dois maiores. Daì nasceram o Para minha filha Luana e o Para meu filho Guilherme


E o Entre Meninas foi um projeto - meu e da Gle - que anda esquecido. 


Como eu administro?
Nao administro. Escrevo o que tenho vontade. Sò tomo o cuidado de separar por tema - ou neste caso por filho. E o que nao é especifico de nenhum filho, é meu. Entao coloco aqui. 


E hoje tem post no Para nosso filho Renzo



Olha eu arrasando de novo

Dia desses, um pouco mais tranquila, escrevi mais um desabafo. Na verdade, eu estava mesmo era querendo participar de um concurso, mas as inscriçoes ja estavam fechadas entao meu texto foi publicado depois. 


Segue o link http://donasdecasaanonimas.com/nunca-sonhei-ser-dona-de-casa/

E o texto na integra. 



Às vezes olho para a minha casa e me sinto culpada por não ter tudo na mais perfeita ordem.
Tem brinquedos espalhados, sapatos e roupas onde não deveriam estar, bilhetes e livros em cima da mesa da sala e às vezes a louça da janta fica para o dia seguinte.
Amo estar e brincar com meu filho caçula. Amo a parte dos mais velhos chegarem em casa e podermos almoçar juntos. Amo ajudar meus filhos com a lição de casa. Amo cozinhar. Mas a parte da limpeza, da organização – admito – deixo a desejar.
Será que foi porque desde pequena nunca sonhei em ser dona de casa? Me lembro que nas brincadeiras de criança eu sempre era “a mulher do banco”, a “moça do supermercado”, a “mulher do escritório”. Meu pai até fez uma máquina de escrever de papel – naquela época não existia computador –  com todas as teclas no devido lugar e me ensinou o local correto dos dedos. Antes de fazer datilografia – sim, eu fiz – eu já sabia onde colocar os dedos.
Para mim, ser dona de casa não foi uma opção. Sempre trabalhei fora e quando chegava em casa dedicava meu tempo exclusivamente para os meus filhos, jogando com eles, montando quebra-cabeças, passeando ou ajudando nas lições de casa. Entao, quando me vi tendo que viver entre quatro paredes quase sem contato com o mundo externo, no primeiro momento eu pirei. Fiquei metódica, achando que tudo tinha que estar em ordem sempre. Não deu certo. Me sentia muito mais estressada do que na época em que trabalhava fora e aguentava 2 horas de trânsito por dia.
Depois passei a ser a “deixa para lá”, o que também não deu certo. E nem preciso contar o porquê. Ninguém consegue viver no caos.
Hoje sou meio termo. Tem dias que arrumo a casa com afinco. Em outros, faço o essencial. Junto sim os brinquedos – com a ajuda do pequeno – várias vezes. Principalmente porque quero ensiná-lo a ser uma pessoa organizada. Mas no demais, faço as coisas sem muita neura. Varro, limpo a cozinha, banheiro, tiro pó – e essas por obrigação, porque embora não goste do serviço de limpeza, eu odeio sujeira. Mas cozinho por prazer. Sou rápida quando preciso ser. E me demoro sem culpa se quero fazer algo diferente.  Faço bolo, tortas, doces quando tenho vontade. Quando não tenho, faço o trivial e não me culpo.
Minha casa não é uma zona total – embora às vezes acorde como se o Katrina tivesse passado por aqui. As coisas estão sempre indo para o lugar certo, mesmo que várias vezes ao dia. E o essencial está sempre feito.
Embora eu admire muito as donas de casa por opção – e admiro mesmo!!!!! – eu ainda não consegui me organizar direito.
Sinto falta do convívio com pessoas diferentes, do reconhecimento “este projeto ficou ótimo” no final de um serviço bem feito, da remuneraçao no final do mês. Sem contar que tem dias que para mim é um verdadeiro sacrifício colocar ordem na casa.
Mas aprendi que o essencial é se sentir bem onde estamos. E que eu nao preciso ser uma superdona de casa. Tenho que apenas deixar o meu lar com um aspecto feliz e aconchegante. E esse ar de casa limpa, gostosa e acolhedora, eu sei que a minha tem.
{Cris Fagá}

Selinho



Veio da Rafaela - do Rafaelando, que alias tem uns textos otimos que me identifico muito. 
Achei bem legal, até mesmo porque esse blog estava esquecido, meio guardado dentro da gaveta sem novidades. 

Ai, dia desses voltei com a corda toda, para desabafar, e retomei meu gosto pela escrita. Gosto este, devo confessar, que nunca deixei de ter. Prova disto é que o blog das crianças continua ativo e com todas as novidades que sao possiveis contar. 

Bom, quando a gente ganha o selinho tem que repassar para 10 blogs. 

Vamos là: 

1 - O primeiro vai para a Gleide, minha companheira de caminhada. Ela sempre me le - seja por aqui, pelo face ou por email. Trocamos confidencias desde sempre. 

2 - O segundo vai parameu amigo Clayton tambem vai. Ele escreve de uma forma linda que eu amo demais. 

3 - Para a Jacque de quem ganhei o primeiro selinho e onde acompanho as peripecias do esperto Bryan. Diga-se de passagem, sou fa dele. 

4 - Hum... o terceiro vou dedicar para a Rafa mesmo, porque eu gosto muito dos textos dela. Tem dias que sao verdadeiros desabafos que poderiam ter sido escrito por nada mais nada menos que euzinha aqui. 

5 - O outro para a Roberta mae do Vinicius e do Gabriel. 

6 - O proximo vai para um grupo inteiro o Donas de Casa Anonimas. Là tem um monte de dicas para as doidas- ops, para as donas de casa de plantao. Vale a pena conferir. 

7 - E para a Juliana  vai o proximo. Gosto muito das aventuras da Lili. 

8 - A Ana Paula tambem me diverte com as aventuras dos pequenos Isabella e Matheus. Ela é mae, dona de casa e trabalha fora.... UAU!!!!

9 - Apesar de estar bem abandonado o blog da Leninha, eu amo as fotos que ela faz. Vou cobrar dela umas atualizaçoes. 

10 - E o ultimo - porem nao menos importante - vai para a Dani com todas as dicas para se viver melhor no pais que eu escolhi. 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Palavras amigas

Escrevo como se fosse salvar a vida de alguem. Provavelmente minha propria vida. (Clarice Lispector)

Tinha me esquecido do quanto o exercicio de escrever me faz bem. Do quanto me coloco para fora de mim mesma, do quanto extravaso o que sinto e o que penso. 

Sou intensa, absurda, repleta, plena e redundante. Sou uma avalanche de emoçoes e sentimentos e nao po-los para fora me sufoca. As palavras tem o dom de me libertar - muitas vezes da prisao que eu mesma cerco em torno de mim.  

Quando escrevo estou sò e ao mesmo tempo posso dizer tudo, sem rodeios. Nao escrevo para os outros, escrevo para mim. Nao tenho a pretensao de escrever bonito, escrever perfeito, escrever certo, escrever coisas inteligentes. A minha intençao nao é agradar ninguem nem mesmo a mim. 

Escrevo para me salvar. Para me colocar para fora do mundo em que me encontro, um mundo tantas vezes sombrio, tantas vezes iluminado. Um mundo onde nao existe ninguem mais alem de mim. Um mundo onde amo demais, choro demais, sorrio demais, canto demais, brinco demais, odeio demais. Um mundo onde sou alegre quando devo ser, onde sou triste quando nao tenho porque, onde sofro em silencio e grito bem alto quando tenho vontade. 

Escrevo quando nao sei verbalizar o que sinto. Escrevo e ninguem precisa entender.  

Pequenos alicerces

Sim! Estou melhor. Ontem meu filho chegou da escola depois de muitas horas tentando, ja que os trens foram quase todos cancelados devido a neve e ja na porta me abraçou forte e disse: - eu te amo mae. Muito. 



Minha mae tambem teve sua dose de contribuiçao. Conversar com ela e matar um pouco das saudades faz bem para a minha alma. 


E desabafar com a minha irma, conversar com alguem que nao tenha apenas 1 ano e 4 meses de idade, colocar um monte de chatices para fora fizeram bem tambem. 


E hoje, uma mensagem no celular assim que acordei. Eu nao vi a lua mas consegui imagina-la exatamente como a Deise descreveu. E a lua sempre me deu forças. Olhar para ela, respirar bem fundo e pensar nas boas coisas da vida sempre me renovou. E ela sabe disso.  E eu sempre soube que podia contar com ela, nao importa onde ela esteja. Ela é uma das que sempre me ouviu, sempre me segurou, sempre me levantou. E nunca me julgou. Somos parceiras na caminhada da vida. Gratidao por ter voce por perto, mesmo que tao longe. E um obrigado mais que especial por hoje. Amo voce. 

Eu simplesmente amo essa foto dela. Amo tanto que ganhei uma. 

É por coisas assim que sei que a vida vale a pena, porque se existem pessoas que passam por cima de nos feito um rolo compressor, outras sao capazes de te levantar, de te apoiar e de dizer: eu estou aqui. Sempre. Pode contar comigo. 

Para completar meu pequeno me acordou hoje com dois beijos estalados na bochecha. 


Nao precisa muito. Coisas simples e pequenas que nos colocam para cima. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mascaras



Tem dias que tudo fica confuso, dentro e fora da gente. Devemos ser - mas nao somos - fortes o tempo todo. E as vezes caimos. 

Ultimamente isto tem acontecido com mais frequencia do que gostaria. Acho que o fato de ter uma vida completamente diferente da que sonhei contribui - e muito - para isso. 

Sim! Eu amo meus filhos. Amo estar com eles e fazer parte das suas vidas, do seu dia a dia, das suas duvidas, alegrias, tristezas. Mas em contrapartida, nunca sonhei em ser dona de casa e isso mexe comigo muito mais do que deveria. 

Desde pequena, ainda nas brincadeiras de criança, eu era "a moça do escritorio", " a mulher do banco", a "dona da vendinha". Nunca fui "A dona de casa". Cedo comecei a trabalhar, a ver o meu dinheiro entrando, a me chatear com transito e chefe e planilhas e projetos e prazos e realizaçoes. 

De repente me vejo entre quatro paredes sem contato com o mundo. Nada de diferente acontece no meu dia. Nao brigo no transito, nao vejo gente legal, nao convivo com gente chata, nao tenho desafios, nao tenho novos projetos, nao tenho projetos atrasados, nao tenho encheçao de saco de chefe. Nao carrego caixas, nao lido com cliente, nao faço hora extra. Tudo isso pode até parecer ruim, mas ainda assim sao coisas diferentes que acontecem no dia a dia de um ser humano. Afinal, até quando a novidade é ruim, ainda assim é uma novidade. 

Quando meu marido me liga no meio do dia e pergunta: - O que està fazendo? - aparece um ponto de interrogaçao gigante na minha cabeça: ?????? Como assim o que estou fazendo? O de sempre! Varrendo, passando pano de chao, tirando po, cozinhando, limpando tapete, lavando louça, limpando banheiro, fazendo o almoço, limpando a cozinha, arrumando a sala, guardando brinquedos. O ponto alto do meu dia é quando passa algum episodio novo de A foresta dei sogni ou de Babbar e as aventuras de Badoo. E isso é tudo o que tenho para dizer. Mas nao digo. Na maioria das vezes, invento. Até mesmo quando ele chega a noite e pergunta: - Como foi seu dia? - eu nao sei o que responder. Nao tenho o que responder. Nao tenho nada de diferente para contar. A resposta certa seria: - igualzinho ao de ontem - Tudo é tao igual, sempre tudo tao igual. Mas o que sai dos meus labios é - bom, e o seu? 

Nem tenho mais sobre o que falar. Nao tenho mais assuntos diferentes. A minha esperança é encontrar alguma noticia bombastica na internet, algo que seja interessante para que eu possa compartilhar com ele. E rezar para que ele se interesse pelo assunto e escute e nao somente finja escutar como muitas vezes aconteceu. E nao posso culpà-lo. Como disse: - o que de interessante acontece do lado de cà? NADA. 

Dependo dele - e do dinheiro dele - para comprar um sapato, uma roupa, um casaco - pelo qual estou apaixonada  ha 2 meses - para tingir meu cabelo, para sair com meus filhos, para ir ao cinema, para comprar um sorvete. Ainda bem que nao menstruo mais, senao até para o meu absorvente eu dependeria dele para comprar. 

Claro que isso nao é nenhum bicho de sete cabeças para quem optou por essa vida. Mas para mim, nao sair, nao conviver, nao interagir, nao ter o meu dinheiro no final do mes para poder ao menos comprar uma camiseta para os meus filhos sem depender do aval de ninguem é extremamente dificil. E esta é uma liçao que està dificil de aprender, exatamente como matematica. A gente até sabe que tem que resolver aquela equaçao complicada, mas os numeros nao entram na nossa cabeça de forma facil e agil e as vezes dà até dor de cabeça, sensaçao de impotencia, de inutil. Para mim, lidar com as privaçoes de dinheiro, de companhia, de amigos, de movimento e mudanças nao é coisa natural. Se apresentam como a tal equaçao dificil de resolver. 

Por outro lado tem muitas coisas que amo no meu dia e a maior delas é estar com meus filhos o tempo todo. E sao essas pequenas coisas que me dao forças. Encontro alegria até nas pequenas coisas da vida. Em um pequeno sorriso, em um floco de neve, em uma chuva perfeita. Nao sou uma pessoa depressiva, mas sim, as vezes eu caio. E nem sempre consigo levantar sozinha. 

Mas aprendi que existem pessoas que nos seguram, que nos levantam. Outras passam, olham, pisam em cima e as vezes passam sobre nòs como um rolo compressor. Por isso aprendi que é fundamental levantar cedo, colocar uma daquelas mascaras de carnaval com um sorriso bem. 

Entao a partir de hoje, coloco minha mascara, dou meu sorriso mais largo e fingirei sempre que tudo esta bem, mesmo quando aqui dentro estiver tudo desmoronando. 

Porque, para algumas pessoas, ser forte nao é uma opçao, é uma obrigaçao. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sensaçoes guardadas

Sou canceriana. Guardo coisas. 
O lado ruim é que me lembro de todas as ofensas, todos os machucados e todos os naos. 
Mas tambem me lembro de todas as alegrias - até as pequenas - que vivi. 


Me lembro de juntar as letras da caixa de bolo SOL pela primeira vez, ainda aos 5 anos e descobrir que jà sabia ler. 



Me lembro do meu primeiro dia de escola, ainda com aquele shorts vermelho de elastico nas pernas e eu achava que ja era gente grande. Me lembro de quando era criança e do nascimento de cada um dos meus irmaos. 

Me lembro da primeira vez que fiz arroz, aos sete anos na nossa casa em Itumirim - MG. Tive que subir em cima da cadeira porque nao tinha tamanho suficiente para enxergar o fogao. Me lembro da sensaçao de importancia seguindo as instruçoes da minha mae, do cheirinho de arroz pronto e da delicia da primeira garfada do primeiro arroz feito por mim. 


 
Lembro-me do primeiro namoradinho, aquele que ainda nao é nada mais que o seu namoradinho, aquele que eu nunca beijei porque era nova demais. 

Lembro do primeiro beijo que nao foi tao bom assim. 

E da minha primeira vez, que tambem nao foi tao bom assim. E me lembro tambem da primeira vez que foi bom demais. 

Lembro exatamente como era deitar a cabeça na barriga do meu pai e ficar ali assistindo filme, conversando ou simplesmente na falando nada. 


Lembro-me da sensaçao de me descobrir gravida. E ainda mais a de ser mae pela primeira vez. Me lembro que chorei ao ver a carinha do Guilherme. Nao conseguia nem sorrir porque a felicidade era tanta que eu queria mesmo era gargalhar. Como estava no hospital, a felicidade transbordou e as lagrimas cairam. 




Lembro da dor de perder meu pai e do quanto o suporte da minha mae, dos meus irmaos e amigos foram importantes para mim. 

Lembro tambem de como fiquei assustada quando me vi gravida da Luana e de como eu achei que nao ia conseguir. Mas quando olhei para aquela coisinha deitada ao meu lado, todas as duvidas foram embora porque agora eu tinha que conseguir, mesmo que tivesse medo. E eu o fiz por amor. 











E da sensaçao de voar de aviao pela primeira vez? Era um sonho meu. E quando eu realizei eu achei que ja tinha realizado tudo. Ledo engano. Afinal, saltar de paraquedas nos da uma sensaçao ainda maior. 

Me lembro da primeira vez que vi o Cleber. Achei ele lindo. Mas nem em sonho poderia imaginar que estariamos aqui hoje. Nao naquele dia, porque ainda me lembro de quando eu descobri que o amava e a sensaçao de plenitude que se inundou em mim. 





E quando fiz minha primeira viagem internacional. Tudo era novo. Tudo era lindo. Eu andava e chamava atençao de todos porque meu sorriso era tao grande que nao cabia em mim. 


Lembro tambem da primeira vez que o Cleber sentiu o Renzo se mexer aqui dentro da minha barriga e da lagrima nos olhos dele. E do rostinho lindo do meu pequeno. 


Lembro da sensaçao de estar deixando algo para tras quando sai do Brasil com mala, cuia e tres filhos a tiracolo para viver a vida no outro lado do oceano. E do abraço gostoso de boas vindas que meu amor me deu. 

E é por isso que eu sei que guardarei para sempre a sensaçao que tive ao ver cair os primeiros flocos de neve pela minha janela. Eles começaram fraquinhos, nem grudavam no chao, derretiam antes de tocar a terra. Aos poucos foram crescendo e aumentando. E quando eu vi tudo branquinho la embaixo eu soube que esse era mais um daqueles momentos magicos que vao durar para sempre. E ver meus filhos fazendo guerra de neve me fez sentir criança de novo. E olhar a carinha de felicidade deles, e do pequeno que nao se continha de tanta alegria fez meu dia ficar perfeito. 











Sim, guardo tudo.
Celebro tudo. Até mesmo os pequenos momentos. Porque aprendi que sao eles que realmente fazem a nossa vida ser tao especial. 










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