sexta-feira, 14 de março de 2014

O futuro

Onde ou quando é o futuro?
O futuro é logo ali ou é mais adiante?
Quando é que ele chega? 
E quando ele chegar, eu vou me dar conta de que jà chegou e parar de correr atras dele? 



Tenho me feito esta pergunta mais vezes do que gostaria, talvez por ter me tornado um pouco mais egoísta. 

Sim! Egoísta! E vou explicar porque. 

Sempre trabalhei muito para garantir "o futuro" dos meus filhos. Muitas vezes não me dei conta de que eles estavam precisando mesmo era "do presente". 

Muitas vezes deleguei a tarefa de ser mãe a avò, ou à babà porque eu estava trabalhando para "garantir o futuro" deles. Até que me dei conta de que estava fazendo tudo errado. 

Eu já quis comprar 2 - depois 3 - casas sò para deixar 1 para cada filho. Já quis juntar dinheiro para pagar os estudos - faculdade, pòs, etc - deles. Até que percebi que este era um sonho meu. 

E depois desta minha aventura por um outro país, ficou ainda mais claro esse meu engano. 

Conheci um pai que trabalhou a vida inteira até quase meia-noite para, assim como eu, garantir uma vida melhor para os filhos. E lutou tanto que conseguiu comprar um apartamento de 700m² em um dos bairros mais nobres de Sao Paulo. A filha, ao completar 18 anos se mudou para a Inglaterra, arrastou o irmao, que conheceu uma holandesa por quem se apaixonou, teve filhos e hoje trabalha em 2 restaurantes para sustentar a família porque o dinheiro do pai dele - segundo ele - é do pai dele e ele não seria digno da esposa que tem se simplesmente delegasse ao pai a tarefa de provedor. Os dois moram por là e o pai vive sozinho em um apartamento enorme que ele sonhou em deixar para os filhos. 

Outra mãe se mudou para a Itália para dar uma vida melhor para o filho. Trabalhou como faxineira, copeira, garçonete sò para garantir o melhor estudo. O filho, quando cresceu, voltou para o Brasil para trabalhar de pedreiro porque "lá que era o seu lugar". 

A escolha do Cleber em morar em outro país tem muito mais a ver com um sonho pessoal do que com estilo de vida. Seu sonho è conhecer e se tornar fluente em várias línguas. E ele quer a fluência que o viver traz, não a fluência de cursos. Ele quer conhecer culturas diferentes, pessoas diversas, experimentar comidas típicas e viver o dia a dia da "vida lá fora". Não adiantou que seu pai comprasse 3 casas, ou que lhe oferecesse uma delas, ou que lhe oferecesse um trabalho no Brasil. Nada disto iria de encontro ao sonho dele. 

A minha escolha foi errada. Estou aqui para - mais uma vez - garantir um futuro melhor para os meus filhos. Mas nunca perguntei que tipo de futuro eles queriam. Simplesmente, assim como fizeram tantas vezes meus pais, os coloquei na mala e os arrastei para aquilo que eu acho ser o melhor para eles. 

O que està errado em tudo isto? Tudo! E ao mesmo tempo Nada! E a resposta é simples: OS SONHOS. 

Cada um tem o seu. E eu não posso desejar que o sonho do meu filho seja o mesmo sonho meu. E não posso viver minha vida em função do sonho dele. O sonho é particular. Cada um deve viver e correr atrás dos seu. 

Meu pai não me deixou uma casa. Nem por isto fui menos feliz. Sempre tive que trabalhar por cada centavo, mas e daí? Sinceramente? Hoje em dia vejo que as pessoas mais sensatas e mais dignas são aquelas que tiveram que lutar por cada centavo e não aqueles que tiveram tudo de mão beijada. 

Hoje, sou egoísta. Porque percebi que mesmo errando no motivo de viver no exterior fiz a escolha certa, pois hoje tenho o que eu quero. 

Não trabalho mais para ter um futuro que eu nem sei quando e se vai chegar. Trabalho para ter o que eu quero, para fazer o que quero. Meu futuro està bem ali na esquina. Trabalho para juntar dinheiro para fazer uma viagem - amo viajar. Trabalho para juntar dinheiro para ir ao mar. Corro atrás do que está ao alcance da minha mão. 

Ainda tenho como prioridade o estudo dos meus filhos. Quero muito dar-lhes condiçoes de correr atrás dos seus sonhos. Mas não me importo mais se não deixar uma casa ou uma poupança super gorda. Me preocupo muito mais com que tipo de lembrança vou deixar. Se  irão se lembrar de mim como alguém que os ensinou a pescar ou alguém que sempre lhes deu o que comer. Se vão se lembrar do meu sorriso quando estava com eles ou do meu suor, do meu mal humor e da minha cara cansada por trabalhar demais. 

Hoje sou mais egoísta. Me preocupo comigo e com eles. Mas não daqui a dois anos. Me preocupo com a gente hoje, amanhã. Minha preocupação é dar bronca quando for preciso. É sentarmos juntos depois da janta e jogar conversa fora. É levà-los comigo em uma destas viagens malucas que eu gosto de fazer.

Sou egoísta porque quero que meus filhos vivam por eles. Que descubram o mundo por eles e que descubram que para ser feliz a gente realmente não precisa de status, de casa própria, de carro do ano. 

Eu não posso viver a vida deles. Então porque raios eu iria querer que eles vivessem a minha?

O futuro está bem ali. Basta esticar as mãos. 

Um comentário:

  1. Ah! Cris! É isso: por isso há tanta gente abandonando carreiras estáveis, em multinacionais, para fazer brigadeiro, bolo, vender sanduíche natural na praia, ser recepcionista de hostel, fazer costuras, bordados, cair no mundo e viver de freela. Para seguir seu sonho, VIVER o presente, o aqui e agora. Com PRESENÇA. O resto é consequência. ♥

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