sábado, 6 de agosto de 2016

Cartas de Amor (?) aos vivos

Por recomendação da Luana Fagá, minha filha que, assim como eu, ama ler, li no último dia - literalmente - Cartas de Amor aos Mortos de Ava Dellaira. 



Um livro simples, de fácil leitura e de um enredo devastador para mim. 

Lauren escreve cartas a Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Wineshouse e outros... 

Em uma das cartas escrita a Kurt Lauren fala sobre a filha de Kurt e da carta que ele escreveu à ela. "Não suporto a idéia de ela se tornar a roqueira infeliz e autodestrutiva que me tornei" e Lauren escreve: você não pensou no fato de que, quando tirou sua própria vida, você roubou dela a inocência que tanto amava? Você foi o primeiro que fez mal a tua filha. Foi a primeira pessoa a tornar o mundo perigoso para ela. 



Há algum tempo, como vocês já sabem, fui diagnosticada com depressão. Esta que ainda hoje, às vezes dá sinal de vida e me faz ver a vida meio cinza, ver o copo meio vazio. E numa destas crises, escrevi minhas - o que julguei fossem - carta de amor aos vivos. Pois dizia a cada uma das pessoas que amava o quanto elas eram especiais para mim e quanto deveriam ser felizes, apesar de eu não ter conseguido ser. Sim, naquele dia eu pensei em não mais fazer parte deste mundo. 



O que me freiou? Exatamente o que Lauren pensou sobre Kurt. Como eu poderia fazer tanto mal a alguém que amava tanto - em especial - Luana e Renzo que ainda eram tão frágeis. Claro que todos os outros também se fragilizariam, mas os 2 me viam de uma maneira forte, segura. Eu sou a mãe deles e como mãe meu dever seria protegê-los e não inflingir-lhes uma dor ainda maior. 

E eu não poderia ser tão egoísta a ponto de pensar que a minha dor era maior do que seria a deles caso eu decidisse, por mim mesma, não estar mais por aqui. 

É por isto que, mesmo que às vezes alguns dias sejam tão cinzas a ponto de eu ainda desejar morrer, me prendo à vida e à vida daqueles que amo. 

São eles que me sustentam em pé, são eles que me prendem a este mundo hostil. 

Por isto, mais uma vez, agradeço a meu marido, meus filhos, minha mãe, irmãos e sobrinhos, além dos amigos, que amarram cordas em meus tornozelos e não me deixam voar para a Terra do Nunca, onde imagino eu - erroneamente, sei disto - tudo seria mais feliz. 

E hoje eu sei o que é colocar para fora aquilo que te sufoca. Eu pude contar com a ajuda de algumas pessoas muito especiais em minha vida, que me ensinaram que às vezes, eu até posso estar mal, mas que não posso - e não devo - estar mal o tempo todo. 

Amo cada um de vocês e estarei sempre por aqui, mesmo quando eu não deseje estar. 

Obrigada, 
Cris 



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