terça-feira, 18 de março de 2014

O que meu filho de 3 anos sabe fazer.



Meu filho tem 3 anos e 6 meses. 

Nos consultórios, nos parques de diversões, nos encontros com as mães, sempre ouço coisas que as crianças da mesma idade sabem fazer. 

- Meu filho sabe contar até 10.
- O meu sabe contar até 100
- Minha filha conhece todas as letras do alfabeto
- Meu filho conhece marcas de carro
- Minha filha sabe mexer no celular / tablet / computador até melhor que eu
- A minha sabe fazer origami

E a exemplo de tudo o que vejo e ouço por aí, resolvi listar as coisas que o Renzo já sabe fazer, afinal, eu também não posso ficar atrás.

O Renzo sabe andar de bicicleta - com rodinhas de apoio, é claro. E ele vai a uma velocidade incrível e na maioria das vezes nem esquece de usar o freio. 

Sabe brincar de mocinho e bandido, atirando em tudo o que vê e usando o sofá como barricada. 

Ele sabe brincar de desmaiar. E sabe que só se deve acordar depois de ganhar um beijo. 

Sabe andar de velotrol dentro de casa no inverno, porque eu não me importo muito com os riscos no chão, desde que ele esteja se divertindo. 

Meu filho sabe montar um castelo de Lego Junior, como ninguém. E muitas vezes ele até coloca janelas. E, por falar em castelos, ele também sabe fazer castelos de areia como ninguém. 

Ele sabe brincar com bolhas de sabão. E solta a risada mais gostosa do mundo ao estourá-las. 

Ele também aprendeu a brincar de esconde e esconde e muitas vezes se esconde dentro do guarda-roupas para a gente procurar. 

As vezes, ele imita fantasmas para nos assustar. 

Meu filho sabe "pescar peixes" no copo com leite, Nesquick e bolachas. 

Sabe subir na beliche do irmão como se fosse uma montanha que tem que escalar. 

Meu filho aprendeu direitinho a brincar de cabana na parte debaixo da beliche. E nem se dá conta que aquilo é só uma cama, e que não adianta ele colocar um cobertor na frente, jamais será uma cabana. 

Meu filho sabe correr no parque e cair e levantar e cair de novo. E às vezes quando ele se machuca ele sabe vir para mim pedindo para dar um beijo para sarar. 

O Renzo sabe pular em cima da minha cama como se fosse um trampolim. Sabe brincar de batmam, de homem-aranha, de Incrivel Hulk e desde ontem aprendeu a brincar de Capitão América.  

Meu filho sabe me pedir para assistir filmes com ele e pasmem - ele até escolhe os filmes que quer ver no setor de "Animaçoes". 

Meu filho não sabe brincar de bola. Quer dizer, ele até sabe. Ele só não é muito bom nisso. Mas ele nem se importa, porque o que ele quer mesmo é chutar. Mas em compensação joga bexigas no alto com uma destreza impecável. 

Meu filho sabe falar francês. Todos os dias quando ele acorda, me dá um beijo e diz: - Boun Jour mon amour. E esta é a única frase que ele conhece na língua. 

Meu filho sabe jogar video-game. E sabe que pode pedir para o irmão ou para o pai para passar as fases mais difíceis para ele. 

Meu filho sabe tomar banho de banheira, cheio de tubarões, piratas e dinossauros e se defende muito bem de cada um deles. 

Meu filho sabe escorregar no escorregador dos parques, balançar nas balanças e subir nos trepa-trepas (este último, devo admitir, ainda com um certo receio).

Ele sabe me ajudar na cozinha quando estou fazendo comida. E nem liga para a sujeira que fica depois. 

Meu filho sabe cantar. Canta músicar conhecidas e às vezes até inventa as próprias cançoes, muitas vezes sem ritmo e sem rima. Mas, quem liga? 

O Renzo sabe brincar de "Capitano" (Capitao) enquanto andamos na rua. E sabe que deve correr dos monstros marinhos, dos tubarões e das baleias antes que eles afundem o seu navio. Sabe que deve passar embaixo dos tuneis imaginários e que deve andar sempre em cima do tronco para não se afundar na areia movediça - ou na lama. 

Ele sabe desenhar nas paredes do box do banheiro quando o vapor embassa. Faz montanhas, casas, homens, dinossauros e uma infinidade de desenhos que ele tem que decifrar, porque eu, burra que sou, nem sempre reconheço um bom artista. 

Ele também desenha no vidro do carro, com suas mãozinhas meio sujas e fica cada coisa linda lá. TEm dias que quase não dá para ver "lá fora" de tão desenhadamente engordurado que fica o vidro. 

Acreditem, o Renzo faz tudo isto e muito mais. 


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Texto baseado no que li sobre o artigo de Alicia Bayer 
sobre O QUE UMA CRIANçA DEVE SABER AOS 4 ANOS. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Ser ou nao ser (mae), eis a questao.

Plagiando nada menos que Sheakespeare (To be, or not to be, that is the question) começo a análise de hoje.

Talvez porque as redes sociais invadiram nosso mundo real que me dou conta de coisas que antes nem pensava.

Vejo frases por todos os lados dizendo sobre as maravilhas da maternidade. Que uma mulher so se sente completa depois de ter um filho. Ou, ser mãe è a melhor maravilha do mundo. E a pior delas: - Toda mulher deveria ser mãe. Esta é a imagem vendida, desde os tempos das nossas bisavós que afirmavam que "a mulher só é feliz depois de dar a luz". Aí como existem tantos órfãos no mundo, a sociedade mudou um pouco a frase para: - "A mulher só é feliz depois de ser mãe".

Estas coisas me fizeram pensar e analisar. Por que alguém quer ser mãe - ou pai?

Nunca ouvi ninguém dizer que escolheu esta vida porque entrou em um ônibus e viu um menino catarrento, lá pelos 5 anos dar um tapa na cara da mãe.

Ou talvez escolha a maternidade ao ver o adolescente da vizinha xingando os pais, indo mal na escola e usando drogas.

Nunca ouvi ninguem dizer: - quero ter filhos para eles escolherem viver em um outro país, longe de mim. Sim, isso acontece. Veja só minha mae. Duas filhas morando a milhares de quilômetros de distancia. E eu aposto que quando ela pensou em ser mãe ela achou que a gente sempre estaria por perto.

Quem é que diz :- Eu quero ser pai porque quero ajudar meus filhos a enfrentarem os problemas da vida, de desemprego, de falta de grana, de falta de companheiros?

Sim, meus amigos, estas coisas fazem parte da maternidade / paternidade. Não todas juntas, graças a Deus, mas fazem.

Sei que voces podem dizer - ah! mas aí é problema de criação. Outra novidade para vocês: - Nem sempre. Já pararam para pensar em famílias que tem crianças tão diferentes entre si. Porque em uma família tem um filho que usa drogas e outros não? Ou porque um se dá bem na vida, trabalha, enquanto o outro so quer saber de "vida boa"?

Pois é. Entao, nem sempre é problema de criaçao / educaçao. Claro, que isto ajuda. Mas nem sempre è o ponto X da questão. Na minha família, por exemplo, um dos meus irmãos foi usuário de drogas. A tal ponto que hoje não faz mais parte do nosso convívio. Deus o chamou mais cedo e, sinceramente, acho que foi o melhor para ele. Então? Meus pais educaram ele diferente do que aos outros três?

Só que estas coisas ninguém conta. A sociedade não nos prepara para isto. A imagem de maternidade é a de uma mãe linda e feliz embalando  e amamentando calmamente o seu bebê. Exatamente assim.   

Claro que esta fase existe e é perfeita - ou quase. Só que ela é passageira. E intercala com várias outras não tao amáveis.

Esta história de que toda mulher deveria ser mãe é balela. E nãoéè que penso que nem toda mulher não deve ter. So que hoje em dia se vende esta imagem como a de felicidade suprema. E por conta disto vejo mulheres cada vez mais tristes, sem vontade de viver porque não podem ou nao conseguem engravidar. Vejo casais gastando fortunas em clinicas de fertilização, outros minando a relação por conta das frustrações de não se conseguir engravidar porque o modelo de felicidade ideal envolve uma criança.

Vejam bem! Eu sou mãe. E também, como muitas outras mulheres, jáquis muiiito ter um filho. Já achei que se eu não os tivesse, jamais me sentiria completa. E hoje vejo que eu estava errada. Não me entendam mal. Eu sou extremamente feliz no papel de mãe. Amo meus filhos inteira e absurdamente. 

Sim, depois que eles nascem passam a fazer parte de nós e não importa o que eles façam vamos continuar amando-os com a mesma intensidade de sempre. Eles farão parte do seu mundo, da sua vida, dos seus pensamentos. E hoje eu não me imagino sem eles - nenhum deles. Mas a verdade é que ninguém nunca me preparou para o que estava por vir.

Fiz cursinho de gestante aprendendo como cuidar de um bebê. Mas parou por aí. Não encontrei nenhum cursinho que me ensinasse a lidar com uma criança em idade escolar. Não recebi aulas de reforço para me lembrar das lições esquecidas e ajudar meus filhos com as tarefas de casa. Não me ensinaram a lidar com as rebeldias de adolescentes. E olha que os meus nem são tão rebeldes assim. Vejo constantemente outros piores. E penso sem culpa nenhuma: - Se eu não fosse mãe e visse este tipo de comportamente, certamente desistiria da ideia.

E sabe de onde veio esta minha certeza? Porque se eu perguntar para qualquer um: - Por que voce quer ser mãe / pai, ninguém - ABSOLUTAMENTE NINGUÉM - vai me responder que é para poder cuidar de um adolescente problemático - sim, 80% deles são problemáticos em menor ou maior grau. Se você em casa tem um que faz parte dos outros 20% sinta-se extremamente afortunada. 

E me baseio nas estatísticas de adoção. 90% dos casais nas filas de adoção querem uma criança até 3 anos.  8 % ACEITARIA uma criança de até 10. Somente 2% estão dispostos a adotar um adolescente cheio de vícios e manias, personalidade formada e tals. Isto porque a imagem de maternidade que se vende não é a de pais de adolescentes. A imagem verdadeira vendida por ai é :para voce ser feliz e se sentir uma mulher de verdade, voce TEM que ter um bebê.

Então, antes de sair por ai perguntando: - E aí? Quando è que vocês vao ter um bebê?
Ou - Quando é você vai ser mãe. Ou soltar frases do tipo: - Só quem é mae conhece a verdadeira felicidade - pense bem se você não està - como tantas outras pessoas por ai - vendendo a imagem distorcida.

É claro que é maravilhoso. É claro que você vai amá-lo. É claro que você não desistiria dele. E repito: eu não estou fazendo apologia para "você nao ter filhos". Nada disso, viu?

A minha opiniao é que só não devemos vender a imagem de mãe como imagem de felicidade completa. E ensinar para nossos filhos e filhas que com a maternidade/paternidade vem muitas responsabilidades. E que assim como escolher qual profissão voce vai exercer, em que país voce vai morar, ter filhos também deve ser uma opçao - e nao uma obrigaçao - para ser feliz. 

Uma mulher passa a ser imensamente feliz quando vira mãe. Mas é bom que se descubra que também dá para ser feliz se escolher não ser. E não tem absolutamente nada de errado nisto.

E se você optar por tê-los saiba que passará dias muito difíceis. Mas no final, tudo valerá a pena. 

 



sexta-feira, 14 de março de 2014

O futuro

Onde ou quando é o futuro?
O futuro é logo ali ou é mais adiante?
Quando é que ele chega? 
E quando ele chegar, eu vou me dar conta de que jà chegou e parar de correr atras dele? 



Tenho me feito esta pergunta mais vezes do que gostaria, talvez por ter me tornado um pouco mais egoísta. 

Sim! Egoísta! E vou explicar porque. 

Sempre trabalhei muito para garantir "o futuro" dos meus filhos. Muitas vezes não me dei conta de que eles estavam precisando mesmo era "do presente". 

Muitas vezes deleguei a tarefa de ser mãe a avò, ou à babà porque eu estava trabalhando para "garantir o futuro" deles. Até que me dei conta de que estava fazendo tudo errado. 

Eu já quis comprar 2 - depois 3 - casas sò para deixar 1 para cada filho. Já quis juntar dinheiro para pagar os estudos - faculdade, pòs, etc - deles. Até que percebi que este era um sonho meu. 

E depois desta minha aventura por um outro país, ficou ainda mais claro esse meu engano. 

Conheci um pai que trabalhou a vida inteira até quase meia-noite para, assim como eu, garantir uma vida melhor para os filhos. E lutou tanto que conseguiu comprar um apartamento de 700m² em um dos bairros mais nobres de Sao Paulo. A filha, ao completar 18 anos se mudou para a Inglaterra, arrastou o irmao, que conheceu uma holandesa por quem se apaixonou, teve filhos e hoje trabalha em 2 restaurantes para sustentar a família porque o dinheiro do pai dele - segundo ele - é do pai dele e ele não seria digno da esposa que tem se simplesmente delegasse ao pai a tarefa de provedor. Os dois moram por là e o pai vive sozinho em um apartamento enorme que ele sonhou em deixar para os filhos. 

Outra mãe se mudou para a Itália para dar uma vida melhor para o filho. Trabalhou como faxineira, copeira, garçonete sò para garantir o melhor estudo. O filho, quando cresceu, voltou para o Brasil para trabalhar de pedreiro porque "lá que era o seu lugar". 

A escolha do Cleber em morar em outro país tem muito mais a ver com um sonho pessoal do que com estilo de vida. Seu sonho è conhecer e se tornar fluente em várias línguas. E ele quer a fluência que o viver traz, não a fluência de cursos. Ele quer conhecer culturas diferentes, pessoas diversas, experimentar comidas típicas e viver o dia a dia da "vida lá fora". Não adiantou que seu pai comprasse 3 casas, ou que lhe oferecesse uma delas, ou que lhe oferecesse um trabalho no Brasil. Nada disto iria de encontro ao sonho dele. 

A minha escolha foi errada. Estou aqui para - mais uma vez - garantir um futuro melhor para os meus filhos. Mas nunca perguntei que tipo de futuro eles queriam. Simplesmente, assim como fizeram tantas vezes meus pais, os coloquei na mala e os arrastei para aquilo que eu acho ser o melhor para eles. 

O que està errado em tudo isto? Tudo! E ao mesmo tempo Nada! E a resposta é simples: OS SONHOS. 

Cada um tem o seu. E eu não posso desejar que o sonho do meu filho seja o mesmo sonho meu. E não posso viver minha vida em função do sonho dele. O sonho é particular. Cada um deve viver e correr atrás dos seu. 

Meu pai não me deixou uma casa. Nem por isto fui menos feliz. Sempre tive que trabalhar por cada centavo, mas e daí? Sinceramente? Hoje em dia vejo que as pessoas mais sensatas e mais dignas são aquelas que tiveram que lutar por cada centavo e não aqueles que tiveram tudo de mão beijada. 

Hoje, sou egoísta. Porque percebi que mesmo errando no motivo de viver no exterior fiz a escolha certa, pois hoje tenho o que eu quero. 

Não trabalho mais para ter um futuro que eu nem sei quando e se vai chegar. Trabalho para ter o que eu quero, para fazer o que quero. Meu futuro està bem ali na esquina. Trabalho para juntar dinheiro para fazer uma viagem - amo viajar. Trabalho para juntar dinheiro para ir ao mar. Corro atrás do que está ao alcance da minha mão. 

Ainda tenho como prioridade o estudo dos meus filhos. Quero muito dar-lhes condiçoes de correr atrás dos seus sonhos. Mas não me importo mais se não deixar uma casa ou uma poupança super gorda. Me preocupo muito mais com que tipo de lembrança vou deixar. Se  irão se lembrar de mim como alguém que os ensinou a pescar ou alguém que sempre lhes deu o que comer. Se vão se lembrar do meu sorriso quando estava com eles ou do meu suor, do meu mal humor e da minha cara cansada por trabalhar demais. 

Hoje sou mais egoísta. Me preocupo comigo e com eles. Mas não daqui a dois anos. Me preocupo com a gente hoje, amanhã. Minha preocupação é dar bronca quando for preciso. É sentarmos juntos depois da janta e jogar conversa fora. É levà-los comigo em uma destas viagens malucas que eu gosto de fazer.

Sou egoísta porque quero que meus filhos vivam por eles. Que descubram o mundo por eles e que descubram que para ser feliz a gente realmente não precisa de status, de casa própria, de carro do ano. 

Eu não posso viver a vida deles. Então porque raios eu iria querer que eles vivessem a minha?

O futuro está bem ali. Basta esticar as mãos. 

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