Adoçao è simples, até
certo ponto de vista. Um casal se conhece, se apaixona, se casa. Por algum
motivo resolvem ter um – ou mais – filho
não biológico. É um ato de comum acordo. E a criança vem cheia de alegrias e
problemas – como todo qualquer outro filho, seja ele biológico ou não. Aquele ser é seu filho, embora não tenha
nascido de ti. Mas a paternidade é impossível de contestar.
E quando a adoção não
é tão simples assim? E quanto uma pessoa conhece uma outra e se apaixona sò que
essa outra pessoa já vem com uma bagagem – os filhos. Você não escolheu a
adoção, não escolheu ter filhos não biológicos. E esses filhos também vem
cheios de alegrias e problemas – como todo qualquer outro filho, seja ele
biológico ou não.
Essa paternidade é
mais difícil, afinal, não é tão fácil aceitar os defeitos de uma criança – ou
adolescente - que não é sua. Geralmente, os “pais postiços” tem muita
dificuldade em aceitar os defeitos dos filhos do outro. Afinal, aquele não é
seu filho. Defeitos que perdoariamos, ou tentaríamos consertar nos nossos
filhos, se tornar impossíveis de aceitar no filho do outro. E a vontade é que
essa criança va embora, va morar com o seu outro genitor biológico, afinal, o
problema não é seu.
Conheço uma pessoa que
mandou a filha embora para morar com o pai dela, mesmo contra a vontade da
menina, porque o atual marido não a aceitava de jeito nenhum. E a vida da
mulher se tornou um caos tão grande que ela resolveu ceder a vontade do marido
e obrigar a filha a morar com o pai. A minha pergunta, neste caso, é: - Se fosse filha dele realmente, o que ele faria? Colocaria de volta no ventre da mae? Ou devolveria para o orfanato? Duvido muito. Se fosse filha dele, acredito que ele tentaria mais uma vez, e mais uma e mais uma. Porque de filhos a gente nunca desiste.
O que tenho visto é
que essa situação gera um grande circulo vicioso. “Genitor postiço” não aceita
e não vê a criança como seu filho. O “filho postiço” por sua vez também não vê
o “genitor postiço” como um pai – ou uma mãe.
E eles sentem isso. Criança não é boba. Ela sabe e sente quando o outro
a ama e age como se fosse realmente seu pai/mãe. Afinal, são coisas simples que
fazem a diferença.
Um chocolate escondido
na gaveta para que o filho do outro não veja ou não pegue.
Negar alguma coisa que
a criança gostaria de comer- quando sabemos que jamais o negaríamos a nossos
próprios filhos – sejam eles biológicos ou não.
Fazer diferença entre
as crianças.
Não ter paciência com
os erros do “filho postiço”.
Nao conversar
Nao perdoar
E, acima de tudo, não demonstrar amor
suficiente.
Claro, que também
acredito que seja bastante complicado quando o filho não vê o marido/ a esposa
do genitor como pai.
Mas a minha opinião é
que esse é um passo que o adulto deve dar primeiro. E ter a paciência de
esperar o tempo certo da criança. Ter consciência de que aquele ser precisa do
apoio dele, do carinho, da atenção, e não apenas da repreensão e de criticas.
Saber aceitar o tempo
certo da criança, ter paciência com os erros e tropeções, aconselhar ao invés
de criticar são coisas que a meu ver dariam um bom resultado final. Porque sim,
você não escolheu “adotar” aquela criança como sua.
Mas ao escolher viver com
alguém com filhos deveria ter em conta que é importante viver também com os
filhos. E agira como se realmente fossem seus.
Um amigo meu dizia que esse é um passo que cabe ao adulto, porque a criança ja vem de um processo de rejeiçao - seja a separaçao dos pais, seja o abandono de um dos genitores. Cabe ao adulto demonstrar amor. E a criança sabe que para o marido/esposa do genitor ele é uma bagagem, alguem que ela nao escolheu, mas com a qual vai ter que conviver. Afinal, quem é que fala: - eu quero aquela criança entao, até aceito conviver com a mae/ pai dela? A criança sabe que nao é bem vinda, que nao foi escolhida, e que muitas vezes é até rejeitada pelo outro. Entao, como ama-lo como um pai/mae?
Me lembro de uma historia de um rapaz com quem trabalhei hà alguns anos. Ele foi morar com uma moça que tinha uma filha de 11 anos na época. A menina nao o aceitava de jeito nenhum. Ele todos os dias olhava para ela e dizia: - "Maria" (trocaremos os nomes) eu te amo. A resposta dela no começo era simplesmente: - O PROBLEMA é SEU. E todos os dias antes de dormir, ele lhe dava boa noite e repetia a mesma frase. Depois de um certo tempo, ela parou de dizer: - O PROBLEMA é SEU. e passou a responder com um simples : - TA!. Até que um dia ele ouviu o tao esperado: - eu tambem te amo. Quando a garota soube da gravidez da mae, começou a chorar desesperadamente. Ao ser indagada do motivo daquele choro, a resposta foi: - é que eu tenho medo de que agora que voce vai ter seu proprio filho, voce deixe de me amar. Ele explicou para ela que ela tambem era filha dele e que a vinda de um outro filho nao diminuiria o que ele sentia por ela. Claro que tudo isso nao foi um processo rapido. E ainda hoje eles ainda tem conflitos. O maior deles foi quando ela começou a andar com uma turminha da pesada e ele a proibiu. Ela brigando disse: - voce nao pode fazer isso, nao é meu pai. A resposta dele: - Nao sou teu pai biologico, mas te amo mais que ele. E isso faz de mim mais pai do que qualquer outro. Claro que para chegar a isso, ele realmente precisou agir como um pai. E a grande diferença aqui é que ele nunca desistiu dela. Ele fez realmente questao de ser o pai dela. Mesmo que levasse muito tempo para isso.
Cabe ao adulto demonstrar amor. Vale a pena parar para pensar:
Voce seria indulgente com os erros
do seu próprio filho?
Voce abandonaria ou "devolveria" seu filho?
Voce o trataria da mesma forma que trata o "filho postiço"?
Voce demonstra amor?
Porque toda e qualquer relaçao se resume nisto. Amor.
Tenho dito muitas vezes, AMAR É FACIL. DIFICIL É SER AMADO.
Cris, amei seu texto e isso nao eh um jeito DIFERENTE de adoçao... Eh apenas adoçao... Todos precisamos adotar nossos filhos mesmo qdo saem da nossa barriga... Qtas mães existem por aí q nunca adotaram seus filhos biológicos??? O q eu penso tb e acho q seu texto deixa muito claro é q os filhos tb adotam os pais... E isso não é lindo?? Eu me emociono em pensar como as relações de maternagem e paternagem se estabelece de formas tão distintas!!! Obrigada por escrever e compartilhar este texto...
ResponderExcluir