terça-feira, 28 de abril de 2009

DESPLANOS


Engraçado essa coisa de amor. E nem sei se esse é o nome correto ou a definição certa para o que eu quero dizer. Mas hoje, me deu vontade de colocar para fora um monte de coisas e tentar entender outras tantas.

Eu achava que ia amá-lo até o fim dos meus dias - e de certa forma, ainda vou. Mas eu achei que ele nunca faria parte do meu passado, seria sempre meu presente, mesmo que eu nunca fosse realmente o presente dele.

Conhecer pessoas novas, me envolver com elas, sempre foi muito complicado para mim. Parte de mim sabia que o meu amor por ele me faria desistir de ir em frente. E eu olhava para as pessoas e, de alguma forma sabia que elas não tinham vindo para ficar - embora eu sempre desejasse o contrário.

Perdi as contas de quantas vezes me enganei. Para você ver como foram várias, antes dele, somente dois eu posso dizer que amei. Depois dele, mais ninguém - até agora. Um deles ainda amo. E não por que o amo, mas por ele ser pai do meu filho. Enquanto estávamos juntos, muitas vezes o odiei. Depois que nos separamos entendi seu papel na minha vida. A função dele nunca foi me fazer feliz. Foi me fazer mãe. Então, me responde: - como não amá-lo? Mas este é um amor diferente. Só por ele ser pai do meu filho. Mais nada.

O outro? Será que amei? Hoje não sei dizer. Sei que passei muito tempo achando que sim. Anos, na verdade. Mas hoje não sei. Aliás, há muito tempo não sei. Mas como na época eu achei que sim, dispenso a ele uma breve citação. Agora que já citei, pronto. Não acho que ele mereça mais do que isso.

Mas eu sinceramente achei que o amor que eu sentia por ele estaria ali, sempre, para ele - e, por que não dizer, para mim? - Eu estava sempre lá, o tempo todo, no mesmo lugar, esperando ele chamar. E, todas as vezes em que ele chamou, eu saí correndo a seu encontro.

É estranho pensar que ele agora, definitivamente, faz parte do passado. É estranho ver a vida com outros olhos, fazer novos planos, sonhar sonhos diferentes.

E ele não é passado porque você é presente. Ele é passado, porque, simplesmente passou. Porque se esgotou, porque me esgotou e porque se esgotou em mim qualquer expectativa - por menor que fosse - de que pudéssemos ser felizes. Se esgotou em mim o brilho que ele tinha. Hoje, ele não brilha mais. Existe sim, porém, apenas como uma lembrança bonita de algo que me fez forte. Mas assim, simplesmente não existe mais. Só existe a lembrança dele. E até mesmo essa se torna mais pálida a cada dia que passa. É como um retrato antigo que envelhece dia a dia até se tornar um borrão amarelado no fundo da gaveta.

Ainda não sei se acredito em amor a primeira vista. Na verdade, não acredito. Mesmo porque, nem foi isso que aconteceu com a gente. Como já disse, eu estava olhando para outro lado. Meus olhos apenas passaram por você. Meu coração - mais uma vez contra toda insanidade do mundo - ficou.

E então fizemos "desplanos" - palavra que acabei de inventar. Desplanos é tudo o que não é plano. - E o nosso plano era exatamente esse: NÃO TER NENHUM PLANO.

Não nos veríamos no dia seguinte.
Não nos comprometeríamos.
Não nos envolveríamos.
Apaixonar, então, estava completamente fora de cogitação.

Você já tinha seus planos: Viajar para a Itália e não se envolver com ninguém. Principalmente com uma mulher com filhos. Ainda mais eu que tinha dois.

Eu também já tinha os meus planos e, posso garantir, não incluíam você. Aliás, se me permite dizer, quando falei de você, me lembro muito bem das palavras que usei: "É ótimo ficar com ele, porque sei que não preciso me preocupar com o depois. Ele vai embora daqui dois meses. Talvez, não nos encontraremos nunca mais".

Só que a gente fez tudo errado - ou certo, sei lá. Atrapalhamos todo o nosso "desplano". E nessa, mudamos todos os nossos planos.

Nos vimos no dia seguinte.
Nos comprometemos.
Nos envolvemos.
Nos apaixonamos.

E, como se isso ainda não bastasse, mudamos também os outros planos: os meus e os seus. Agora, você vai voltar e eu vou te esperar. E esses são apenas alguns dos infinitos planos que mudaram para cada um de nós.

Tá certo que até mesmo estes tais planos ainda podem mudar um montão de vezes - tanto os meus, quanto os seus.
Mas sabe aquele amor incondicional, aquele sentimento de paz, aquela alegria de viver? Esses eu sei - e engraçado sentir isso - que não vão mudar. Sei que vão com você. E sei que você cuidará bem deles.

Bons ventos me trouxeram você.
Você me trouxe seu amor.
E esse amor é uma coisa pela qual vale a pena lutar.
E esse, é exatamente um daqueles sentimentos que não tem prazo para acabar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...