domingo, 12 de maio de 2019

Intensa

E inconstante - devo admitir. 
Existem períodos em minha vida que as palavras simplesmente afloram em minha mente e me vejo tão plena, tão confusamente cheia delas que começo a jogá-las em papel - ou na tela de um computador. 

Antigamente escrevia. Com papel e caneta, muitas vezes lápis, que eu tinha sempre ao alcance da mão. Hoje em dia nem sei onde estão. O note tomou seu lugar. Mas não que tenha tornado a minha tarefa de escrever menos difícil, ou menos confusa. 

As vezes tenho períodos de inspiração. Acordo cheia de frases com as quais devo trabalhar para transformá-las em texto. E ao adormecer me brotam idéias que devo fazer florescer. 

Uma pena que estes picos de escritora se intercalam com uma preguiça incansável de pensar, de elaborar, de trabalhar com palavras. E às vezes me calo. Não falo, não escrevo. E aqui dentro tudo se transforma em silêncio. O turbilhão de idéias e palavras dão lugar à esta falta de som ensurdedora dentro de mim. 

E me pego pensando... o que eu vou fazer se eu nao tiver mais vontade de falar? 

A felicidade é relativa

Acho que essa tal felicidade não existe. 
Sabe aquela coisa plena, pura e que te faz bem o tempo todo? Não é deste mundo, como disse Jesus Cristo. 

O que existe são momentos felizes. E à medida que è passamos mais momentos felizes que aborrecedores, temos a impressão de que somos e seremos "Felizes para Sempre", como nos contos de fada. (Aliás, contos infantis não deveriam terminar com esta frase). 

Ninguém se casa e é feliz para sempre.
Ou beija o sapo, ele se transforma em um príncipe e vive feliz para sempre. 
Ou é salva do dragão que guarda a torre do castelo e vive feliz para sempre. 
Ou arranja o emprego dos sonhos e é feliz para sempre. 

O feliz para sempre não existe. 

E esta busca incessante do "ser feliz para sempre" muitas vezes cansa, machuca.

Eu sempre saí bastante. Raramente passava finais de semana inteiros em casa. As vezes saía a noite para dançar. E de dia, eu e as crianças íamos a parques, piscina, shopping, Playcenter, Hopi Hari, praia, etc. E eu gostava disto. Recarregava as minhas energias para a semana que estava por vir. Como já disse, tenho a alma voadora.

Mas ultimamente isto tem se tornado cada vez mais raro. Certo! A responsabilidade disto é minha. Se voar me faz feliz, por que nao voar? Tenho me sentido enjaulada, como um pássaro na gaiola. Que, quando sai da gaiola é sempre para estar, no máximo, na gaiola ao lado. 

Talvez eu tenha envelhecido e tenha ficado com preguiça de ser o que eu sou, nao sei. Sinto falta de algumas coisas que eu nem mesmo sei o que sao. So sinto falta. Vontade de sair sem destino. Vontade de passar um dia inteiro sem fazer nada, debaixo do sol. Vontade de a um parque. Vontade de dançar. Mas nao faço nada disto. E porque tenho preguiça. PreguiçA de ser quem sou. 

Quem sou esta sendo cansativo demais e gasta muita energia e nao me deixa ser a pessoa que eu quero ser. 

Cris Faga
De todas as malas que já desfiz, as que mais me doeram foram aquelas das viagens que nem cheguei a fazer.

Penso nisso algumas vezes por semana. Do meu gosto por viagens, do que eu realmente queria para mim. 

Algumas pessoas querem carros, casas, conta bancaria. Eu queria um passaporte cheio de carimbos e um album enorme de fotos de todos os lugares. 

Dia desses vi um post de um conhecido onde ele dizia que era o 50 pais que ele conhecia. Sabe, eu vejo bastante posts por ai. Vejo gente postando fotos de uma vida feliz, dos bens adquiridos, da roupa nova, do restaurante caro e nada disso me atrai. Mas do Alex... mamma mia... as fotos deles me levam a loucura. 

Talvez algum dia eu possa colocar meu pe na estrada com a mesma frequencia que ele - ou talvez nao. Nao acho que chegarei a conhecer 50 paises... mas eu tenho a certeza de que cada lugar diferente que vou eu trago comigo a lembrança linda de um lugar novo, de uma cultura nova e a sensaçao de liberdade que so um viajante sabe como é. 

Cris Faga

Arrependimento

As vezes me pego olhando para trás e não tenho a certeza se fiz tudo o que podia ter feito para ser feliz, ou ter sucesso, ou dinheiro...

Eu fazia comerciais de TV e de um dia para outro parei. Por capricho, por achar que meu pai so gostava de mim porque eu fazia comerciais, porque eu queria ser criança - neste meio voce perde um pouco a infancia. Ao inves de brincar na rua eu passava os dias em filas enormes para fazer testes para comerciais - e por tantos outros motivos. 

Um dia, muito depois de ter parado, eu acordei e pensei: - Por que foi mesmo que eu parei? 

Eu fazia faculdade. E nao terminei o meu curso. Porque nao tinha dinheiro ja que quando comecei eu ja era mae e nem tempo porque - de novo - quando eu comecei ja era mae e achava que passava tempo demais longe de casa e das crianças. 

Eu tive uma agencia de turismo que faliu. E eu nunca soube se foi realmente por causa da crise ou se eu nao me esforcei o suficiente. 

Dinheiro nao é a coisa mais importante do mundo para mim. Nunca foi. Nunca tive a pretensao de ser enormemente rica. Mas sim, eu queria poder colocar a cabeça no travesseiro e nao me preocupar com as contas para pagar, em economizar para a viagem, em programar o final de semana, etc. 

Queria poder olhar para tras e ver que, mesmo sem dinheiro , eu realizei algo importante. Sou lembrada por alguma coisa realmente importante que eu fiz... 

E, exatamente neste momento, enquanto escrevi as palavras acima é que me dei conta de que realizei algo importante sim. Sou mae. Sou mae de tres criaturas incriveis, cada qual com suas caracteristicas e defeitos e qualidades e carater. Sao seres humanos incriveis, incapazes de prejudicar o outro, com um senso de justica, com um bom carater. 

Embora ainda sinta que alguma coisa eu deixei de fazer, eu sei que fiz o mais importante. 

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