sexta-feira, 15 de abril de 2011

Malas prontas



Sim,
Agora é real. No dia 17 de maio as 15:15 o avião no qual estarei, com destino à Italia, decola no aeroporto de Cumbica.

Junto com os aproximadamente 150 passageiros, o voo AZ 675 da Alitalia leva a mim, meus 3 filhos, minha irma, meu cunhado e também as nossas esperanças.

Dentro da mala levo minhas roupas, meus sapatos, minha bagagem de vida e principalmente meus sonhos. Sonhos que já se reformularam tantas vezes, tomaram tantas formas diferentes. Mas que carregam consigo sempre a vontade se concretizarem. Dessa vez o sonho é maior, porque é um sonho coletivo. Compartilhamos todos do mesmo sonho. Estamos juntos nessa: Eu, Cleber, Luana, Guilherme, Renzo - embora este ainda nem tenha direito a voto - e de quebra, Leninha e Leandro.

O frio na barriga? Está aqui,cada vez mais intenso - e eu até achei que ele nao existisse.

Desde que a data ficou clara, tambem ficou mais nítido em minha mente uma conversa que tive com meu marido um dia sobre tudo isso. Ele dizia: - Voce nao tem medo das coisas nao serem como planejamos?

Eu disse: - Um pouco. Mas se eu nao tentar, eu nunca vou saber o que poderia ter sido.

Hoje, eu vejo que subestimei o meu medo. Faltando apenas 32 dias para a tao sonhada viagem, meu receio toma proporçoes um tanto exageradas, afinal, nao temo apenas por mim.

Junto com a minha, levo mais 3 vidas das quais ainda sou inteiramente responsável, cabendo à mim a responsabilidade de lhes dar o melhor de cada dia, de ensiná-los a andar sempre no caminho do bem, a corrigir seus defeitos e parabeniza-los por suas vitórias. Junto com tudo isso, levo tambem em minha mala a responsabilidade de tornar a vida deles lá o melhor possivel, cuidando para que o período de adaptaçao nao sejam tao doloroso. Essa é a minha obrigaçao como mae. E meu imenso amor por eles nao me deixaria jamais pensar diferente. Eles sempre estarão acima de qualquer coisa em minha vida. E eu farei o que preciso for para que se sintam bem no pais que escolhemos juntos para viver.

Junto com o frio na barriga está também a ansiedade e felicidade de caber novamente no abraço mais lindo e gostoso do mundo, onde deixo de ser apenas Cris para me tornar uma pecinha de encaixe perfeito. Saber que seus olhos estarão novamente ao alcance dos meus e seu coraçao baterá junto ao meu, me enche de alegria.

Sinto tambem a ansiedade de conhecer meu novo lar, um apartamento lindo que meu Cleber está preparando para nós com tanto amor e cuidado. E já está quase pronto. E eu estou muito curiosa para saber como é. E nessa curiosidade toda, estou cheia de alegria.

E nessa alegria encontro a perseverança necessaria para lutar por tudo aquilo que planejamos. E a certeza de que, embora o medo exista, este caminho é a escolha mais certa.

Estar indo de encontro aos nossos sonhos, nao significa que será fácil deixar para trás parte de mim: minha mae, meu irmao, sobrinhos e amigos - esses em número bem pequeno na verdade mas que valem muito mais do que 100 pessoas reunidas em um salão.

Extrema foi um aprendizado muito grande para mim. O maior deles é de que nem todos que se dizem amigos o sao de verdade. E que são muito poucos aqueles que se importam com - ou até mesmo se lembram de - voce. Se meu número de amigos já era pequeno, agora entao posso contá-los nos dedos das mãos. E desses sim, sentirei muita falta.

Minha mãe, assim como eu e como todas as outras mães do mundo - tem seus vários defeitos. Mas ainda assim é a minha mãe, a pessoa que me deu a vida e que me ensinou muito do que sei. Dessa, sentirei uma falta imensa, que já chega a doer só de pensar.

Meu irmao, meu caçula. Cuidei dele quando pequeno. Várias vezes ele vinha dormir na minha cama porque tinha tido um pesadelo. Foi meu primeiro filho na verdade, já que nossos pais trabalhavam muito e sobrava para nós a tarefa de cuidar dos menores. Sentirei falta de muitas coisas - até mesmo das nossas brigas. Sentirei falta das conversas na varanda do apartamento, no corredor da casa da Rua Almeria.

Meus sobrinhos amados. O Kevin que é como se fosse um filho para mim. Quantas broncas já dei. Quanto amor já senti por este menino. Ele é de alguma forma parte de mim. E o pequeno Arthur que eu nem terei tempo para embalá-lo direito, mas que sei que amarei no momento em que colocar os olhos nele. Sentirei falta de ve-los crescer.

Viver em um outro país, com novas culturas, novos hábitos nao é uma tarefa fácil. Mas sei que poderei contar com o apoio do meu marido - pessoa maravilhosa que Deus colocou em minha vida - da minha irma, e de alguma forma dos meus filhos.

Aos que ficam, o meu sincero agradecimento por terem feito - e continuarem fazendo - parte da minha vida. Desejo a voces, todo sucesso do mundo.
Alegria, paz, coragem para irem em busca de seus sonhos.

Aos que lá encontrarei, minha gratidao por fazerem parte da minha jornada.

Aos que vao comigo, força, perseverança e uniao.

É o que desejo a cada um de nós.

Gratidao por cada um de voces que esteve, está ou estará em minha vida.

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